segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Minha Guerra contra a Angústia

"Visto que os meus pensamentos me fazem responder, eu me apresso." (Jó 20:2)


Em 2002, eu estava como gerente de uma empresa de TI. Tinha 24 anos. Mesmo conhecendo muita gente com 24 anos com muita maturidade e competência, eu naquela época não estava nem perto disso. Não fui preparado pra isso. Mas era muito inteligente. Se falsa modéstia mesmo. Admito isso sem me considerar um pouquinho arrogante. Bem, já tinha um bom poder de usar as palavras, prospectar e construir relacionamentos. E conseguia agendar visitas com pessoas onde gente "maior" que eu suava muito. Eu fazia numa naturalidade incrível. Isso tudo despertou o olhar do Diretor Comercial. Um cara simplesmente fantástico. Na época ele tinha recém me convidado pra assumir a gerência como um teste. O anterior tinha se desligado. Eu aceitei. Ganhei um carrinho da empresa. Fiquei todo cheio. A primeira coisa que fiz? Fui pegar meus ex-colegas no trabalho no carro da empresa e almoçar. Claro que nenhum deles precisava saber que eu ainda permanecia com o salário de estagiário: R$ 600,00. Eu menti. Disse que ganhava R$ 1.500,00. Vixiiiiii!! Já era o cara que ganhava mais grana entre os meninos.


Depois de 01 mês como "gerente" eu recebi os meus 600 conto. Olhei. Li meu cartão. Lá estava Gerente Comercial e a logo é de uma gigante no setor. "Sabe de uma coisa. Eu acho que tão me fazendo de besta. Estão me usando pra tampar um buraco e devem está procurando um substituto." Fiquei martelando aquilo. "Tudo" se encaixava. E eu me permiti repetir aquilo por muitas vezes. Até que começei a comentar com alguns amigos. Claro que todos tão imaturos quanto eu. E obviamente eu vendia, mesmo sem querer, a história como eu queria que fosse. Os amigos disseram que eu estava certo. Tudo aquilo era armação. Eu era um "tapa-buraco". "Onde já viu macho, um gerente ganhando 600 conto!!! Tá doido?". Aí não deu outra, comecei a me articular pra sair. Conversei com um, falei pra outro e ôpa. Apareceu uma pessoa. Convidou-me pra trabalhar com ele. A "possibilidade" de ganho era 4 vezes maior. Não pensei duas vezes. Liguei pro meu Diretor e informei que estava saindo. "Que é isso? Você tá brincando? De forma alguma. Você me espere aí. Tô no Rio Grande do Sul mas amanhã mesmo estou aí pra almoçarmos."


No outro dia ele chegou. Tava assustado. Foi simpático como sempre. Fomos almoçar. Eu expliquei. Falei tudo (sempre esse foi o meu problema). O que pensava etc. Ele riu com o sorriso de um homem maduro observando um rapaz como o seu filho falar besteiras. E falou uma coisa que eu nunca esqueci: "Uma mentira dita cem vezes vira uma verdade". E aí ele foi tranquilamente (só os inseguros são afobados) me colocando que nunca houve esse pensamento. Que era sim um teste. Que eu não tinha experiência o suficiente, mas que ele gostava e apostava muito no meu futuro e não podia pagar alto pra ver se ia dá certo. Que meu salário iria ser ajustado gradativamente para não me queimar caso eu precisasse de uma ajuda etc etc etc. Meu Deus!! Como pude construir aquela idéia que se tornou tão fixa na minha mente? E é porque tudo se encaixava de forma lógica. Acabei ficando. Ao final os sentimentos dele estavam corretos. Eu era uma aposta. Acabou não dando certo. Eu tinha tudo mas não deu certo porque faltou o principal: maturidade.


Mas como sempre soube me vender bem, no mesmo dia que saí de lá, já fui contratado por uma empresa bem maior e iria pra lá ganhar R$ 2.500,00. Pôxa. Que salto. Soube usar o cargo e as responsabilidades de ex-gerente de uma multinacional. O motivo do desligamento a gente dá um jeito.


Mas uma coisa começou a acontecer a partir daí. Eu fui crescendo rápido de salário e responsabilidade. De 2.500 pra 4.000 e depois pra 6.000,00... e junto com isso o hiper, super e grandioso medo de perder isso. Já tinha 2 filhos. E se eu perdesse??? Foi neste momento, há aproximadamente 3 anos que a minha insegurança atingiu o seu hápice.


Desde adolescente eu tinha criado uma idéia fixa que não sei de onde se derivou: eu tenho que dá certo até os 30 anos. Se não conseguir isso...pronto. É o fim.


Aí eu fui chegando aos 28, 29 etc. Aos 29 ainda me achava um cara muito novo e com um bom salário e grandes responsabilidades. Até que um dia eu pequei. Caí em desgraça. Fui ao fundo, do fundo, do fundo por poço. Depois de erguido e limpo pelo perdão de minha espôsa e pela misericórdia do meu Senhor Jesus, eu somei a minha insegurança um sentimento de culpa colossal e gigante.


Convivo então com dois sentimentos que não me deixam em paz: culpa e medo. Tenho 31 anos. Ganho R$ 5.500,00 e tenho muito, mas muito medo de perder isso. Qual o motivo?? Nenhum. Não tenho nenhum motivo. É medo sem motivo. Enquanto o presidente da empresa está em contato comigo...tudo corre bem. Mas ele viajou. Passou 10 dias fora. Aí meu amigo...eu simplesmente tenho a certeza que serei desligado nesta semana. Por que?? Nada. Não sei. Só sei que hoje eu não consegui ir trabalhar. O nome é AGONIA. E grande. E dolorosa. O peito parece que vai explodir. Sinto como se o coração tivesse cada vez mais sendo acelerado. Fico sem ar. A respiração fica ofegante. Vem uma impaciência difícil de controlar. Começo a chorar. Inquieto. Não posso ficar em casa pois moro vizinho ao meu sogro e aqui acolá alguém aparece. É constrangedor em plena segunda-feira ser visto pelo sogro deitado em casa. Pego o carro e saio....totalmente sem rumo. Ligo pra quem?? Faço o que?? O certo é ir trabalhar...mas estou com medo de chegar lá e ser despedido. Mas me pergunto: "mas macho, há motivo?", eu mesmo respondo: "não. é nóia.". Mas é como se um bicho pulasse nas minhas costas, socasse o meu estômago e me empurrasse pra baixo. Dentro do carro tenho vontade de gritar: "Socorro". Aí passo no trabalho da minha amada espôsa. Vou ao lado cortar o cabelo. Depois saio. Tenho que ir ao trabalho. Passo ao lado mas não consigo parar. Chego enfim na casa da minha mãe. Almoço. Abro o notebook e começo a escrever isso aqui pra ver se esta agonia sai. Mas eu queria mesmo era chorar e muito. Sei que se eu for dormir, eu acordo mais aliviado. Organizo minha cabeça e amanhã será diferente. Mas não consigo dormir sendo segunda-feira.


A minha vontade agora é chegar pra algum médico, ajoelhar-me e clamar: "pelo amor de Deus. Tô precisando tomar alguma coisa pra apagar, relaxar e acordar sem essa dor no peito. Sem essa agústia".


O que fazer??? Resta-me orar.


"Senhor meu Deus e Pai amado. Há tempo que não falo com você. Claro que é vergonha do tempo que não oro a Ti meu Deus, mas Pai creio na Tua infinita misericórdia e por isso clamo pelo Teu perdão. Desculpa Deus por chegar e encher a tua paciência com o meu único problema que é essa agonia que não passa. Socorre-me Deus. Ajuda-me a administrar isso, a dar descanso a minha mente tão dolorida. Peço força pra me levantar. Obrigado Pai pela minha santa espôsa e pelos meus lindos filhos. Mas uma vez clamo pelo perdão dos meus pecados. Amém."

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