quarta-feira, 24 de junho de 2009

Numa organização, quanto mais cresce, menor é o jogo de cintura e maior é a política

Tudo começa bem. São 5, no máximo 10 pessoas. As funções se confundem, a responsabilidade são de todos. Todos ali desejam uma coisa só: que tudo dê certo. Que as metas sejam cumpridas. Que todos consigam o que querem.

Quando alguém percebe que outro tá precisando de alguma coisa....ôpa!!! Pera í macho...que te ajudo. Leva prum lado, pergunta pro outro..pensa e pronto, todo mundo acha uma solução.

O dono é simplesmente o dono, bem mais simpático que a figura de um presidente. Foi basicamente quem recrutou aquela "galera" toda alí.

Mas um belo dia, um contrato maior é fechado. Ok. Até aí tudo bem. Todo mundo se abraça. Parabéns cara...se garantiu. E aí, tá precisando de alguma coisa?? Qualquer coisa, pode contar conosco (até aqui esta frase foi sincera. você pode contar mesmo).

Aí com esse contrato há a necessidade de contratar mais alguém. Chove de indicações, mas alguém diz: cara (falando com o dono), "tá na hora" de profissionalizar aqui. Você ainda vai crescer muito. É importante que a gente construa uma base. Distribua direitinho as funções. Crie indicadores e tal. É verdade-diz o dono.

Veja só como começa a esculhambar o negócio.

O outro aí que sugeriu tudo, começa a se sentir distante em "percepção estratégica" dos demais. Fica "no ar" um clima de "ele é agora o assessor". Há uma "tiração" de onda e tal..mas a coisa vai ficando. O dono já não conversa com todo mundo e não troca umas idéias como ates. Agora, dá um toque pro pseudo-assessor e o convida pra "descer e tomar um café". Alí há a verdadeira reunião. As estratégias, quem presta "quando a empresa tiver x filiais etc etc etc", "quem poderia dirigir uma área" e vai e vai e vai.

Agora, quando um cliente liga, não ocorre mais aquele alvoroço de todo mundo querer atender da melhor forma. Naquela época, o cliente não era de ninguém. Era da empresa. Mas agora?? Tudo se profissionalizou. Há o "dono" do cliente. E o pior. Ele não se encontra. "Bom dia. O seu dono está externo. Vou lhe passar pra telefonista e ela anotará o recado." "Mas eu queria só de um informação sobre o meu pedido". Nesta hora, a tela de consulta se encontra aberta na frente do cara. "Eu não tenho acesso ao seu pedido. Realmente é somente com o seu dono. Mas não se preocupe. Creio (antes ele mesmo se comprometia) que ele dará um retorno. Ok? Estou passando agora pra telefonista".

E o senso de um por todos e todos por um começa a morrer.

Depois de uns contratos a mais e a abertura de uma filial. O dono gente boa agora é o presidente. Antes, todo mundo chamava de onde tivesse. "Qual foi mesmo o prazo que a gente fechou com ele?", "30 dias" - respondia o dono. Agora, você fala com a secretária do presidente. Lembra??? Era a meninazinha, tua amiga e tal. Agora as coisas mudaram. É tudo muito formal. Ela liga do telefone e diz que você quer falar com ele. O detalhe é que ele está te vendo de um vidro. Aí vem a bomba. O peito dói nesta hora. "Ele não vai poder te atender agora. Deixa aqui que eu levo pra ele". Puxa vida, é uma desgraça mesmo. Você fica todo errado. É meu amigo, as coisas estão mudando mesmo.

A briga então começa a ser não pelo resultado comum, não pelo bem comum, mas para ficar o mais próximo possível do presidente, antes dono.

Quem fica mais próximo, aparentemente tem mais prestígio, mais poder. E mais poder concede mais status, ainda que não tenha relação com salário. O que vale mais agora são os cargos de diretoria. E aí com os "eleitos" para diretor, surgem os grupos de "afiliados". Cada um correrá para ser "próximo" do diretor com maior poder. Pronto, fincou-se as raízes da política.

"Você não vai acreditar!" - fala um babão de um grupo, "Diz" - diz o seu diretor, "O danadão lá gastou errado o dinheiro. Aplicou mal. Não deu certo. Ele achava que o certo era aquilo mas o correto está se mostrando outro". "Deixe comigo" - fala o diretor. "Lembra de mim", "Não se preocupe. Confie em mim".

O diretor então entra (ele tem o passe livre. E isso estufa o peito de qualquer um) na sala do presidente, apresenta alguma besteira, só de entrada e mete a faca no colega agora: "sabe dizer se tá dando certo o projeto lá?","você me lembrou bem. deixa eu ver aqui...tal, vamos ver...êpa..o que é isso. Parece que deu errado. Se essas informações estão corretas, investimos errado.", "olha, aqui entre nós...por favor, não entenda mal o que vou falar. você sabe, você me conhece. eu penso na empresa. mas gostaria de sua discrição. ok?", "claro". diz ai", "naquele dia num quis dizer nada...aliás até tentei...você viu (aqui ele está mentindo. induz o outro a concordar) que eu até me coloquei, mas ele parace um pouco dificil quando outro dá uma idéia. parace até que o projeto é dele e não da empresa (esta foi de matar...foi a pior). Aí você a de crer que o melhor a ser feito é ficar na minha e foi o que fiz. Mas a minha vontade era de investir no outro.", "será????", "claro", "faz assim (vai dá uma de bonzinho). ele deve ter dado todo o gás (pense num cara falso). errar, todo mundo erra. só pede pra ele tentar investir no outro". "ok".

Pronto, o presidente liga pro outro e pede pra ele mudar de estratégia. A coisa dá certo. Até porque analisar enquanto acontece uma ação, é mais fácil de corrigir que quando se tenta prevê-la.

O presidente convoca uma reunião. Primeiro, chama o que errou e o demite. Depois, chama o diretor lá e pergunta quem na visão dele poderia ir pra vaga do que saiu. Bingo!!! O seu amigo fica então indicado e assume a diretoria. Claro que a partir daí as pessoas já entendem o que fazer pra crescer: queimar os outros. Além disso uma boa parte vai começar a treinar a sua política. E o mais novo diretor vai tratar de queimar a equipe antiga para poder renová-la.

E conviva com tudo isso quem tiver estômago.

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